segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Numa ridícula cena pessimista


Alguém disse que no final tudo dá certo. Se não está certo, logo seu final não chegou. Me parece uma visão simplista demais. Mas, não deixa de ser bem otimista. A verdade é que às vezes o otimismo falha. Simplesmente ele para para descansar naquele cantinho da sala difícil de alcançar. Ali, naquela quina pequenininha que nem você, nem seu aspirador conseguem limpar completamente.
Parado naquele canto, ele parece bem menor do que quando está ao seu lado, disposto e sorridente. O bendito ali, não tem cor, nem é quente e desconhece a fé. Na quina, o otimismo está mais parecido com o pó que paira a sua volta.
Pensando que é preciso retirar o dito cujo dali, você se vê disposto a pegar a britadeira escondida debaixo do tanque, quebrar a parede e todos os canos detrás dela. Talvez, abrindo um buraco, ele nunca mais se canse e fique sempre de prontidão para os dias necessitados.
O problema é que sem o otimismo o pessimismo está de plantão. E, com aquela cara sádica te faz sofrer com a sujeira que a britadeira fará. A decoração já não será a mesma com um buraco na parede e os canos precisam ficar ali para levar alguma água para algum lugar.
Você desiste da britadeira. Decide tentar uma música. Quem sabe o otimismo não se anima a dançar? Mas parece que o pessimismo é o DJ do momento. As canções, mesmo as mais animadas, estão tristes, têm letras deprimentes ou ritmos melancólicos. Precisa de outra forma de se livrar dessa presença grotesca que não te deixa trabalhar, atrapalha o pensamento, faz com que nada tenha graça.
Decide então enfrentar o tal fulano. Era apelativo, mas sabia que seria o único jeito. Parado em frente ao espelho, você o encara. Como é feio, pensa. Cheio de rugas, olhos quase fechados, sorriso de alguém neurótico. 
Aí, olhando bem pra ele, você começa a pensar no ridículo daquela situação. O que os outros diriam se te vissem ali, enfrentando algo que você mesmo criou? Você seria internado ou “apenas” ridicularizado? Encarando o cúmulo daquela situação lamentável em que se encontra, você passa então a rir de si mesmo. Ri sem nenhuma noção do que fará para resolver todos os problemas, mas sabe que precisa rir ou vai pirar. 
Depois de alguns minutos, quando você olha o espelho novamente, vê outra cara. Ele voltou para rir de você. Com você. Porque a única frase simplista e verdadeira é saber que rir (ainda) é o melhor remédio - em qualquer situação (com otimismo ou sem ele). 

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